domingo, 27 de junho de 2010

O falso luto pelo rei do pop


A morte de Michael Jackson aconteceu há um ano e, desde então, tenho visto a mídia explorá- la de maneira extremamente oportunista. Pouco tempo antes do falecimento do cantor a imprensa o citava sempre como um insano, devido às suas excentricidades e, após o ocorrido, mudou totalmente o foco de suas reportagens da vida conturbada para a carreira brilhante de Jackson, a fim de lhe render “homenagens”.

É necessário esclarecer que não pretendo aqui adotar o mesmo discurso demagogo que tanto estou a criticar. Não sou um aficionado por Michael Jackson e nem pretendo defini- lo como um Deus em sua vida pessoal, mesmo porque não é esse o meu objetivo. Na verdade sempre tive uma grande admiração por ele, até porque Michael influenciou todas as gerações de artistas que posteriormente surgiram, inclusive a maior parte dos meus ídolos, logo não tem como ficar imune ao trabalho do rei.

O que realmente me incomoda em toda essa história é perceber o poder de manipulação da imprensa em relação ao comportamento das pessoas. De fato a cobertura de tudo que diz respeito a Michael Jackson sempre foi colossal, e com a sua morte não havia possibilidade de ser diferente. O fato gerou milhões de dólares para muitas pessoas e se tornou o acontecimento mais comentado pela mídia nas últimas décadas, superando até mesmo a divulgação do falecimento do rei do rock Elvis Presley, óbvio que isto se deve à quantidade de meios de comunicação existentes atualmente, mas também não tira o mérito de Michael que teve a imagem alterada de louco à, novamente, ídolo. É inevitável que todos estes fatores acabassem por causar na sociedade grande curiosidade e interesse pelo trabalho do cantor. Reflexo disso é que no último ano as pessoas que antes o viam como um desequilibrado baixam suas músicas, usam camisas com as suas fotos e fazem covers do popstar.

Essa situação me faz pensar quanto ao verdadeiro papel da mídia na construção de ideias e opiniões, além da assimilação cultural popular. Entretanto obviamente existem programas de intencionalidades diferentes. Por exemplo, de um lado temos o “Fantástico” da Rede Globo (que em termos de notícias musicais e qualidade de entrevistas com cantores, cantoras e bandas internacionais não faz, em momento algum, jus ao seu nome) que nos últimos anos antes da morte de Michael o tratou como uma chacota viva. O programa é um exemplo de veículo de imprensa que alterou sua forma de falar do cantor juntamente com outros que hoje resolvem relembrar a carreira do popstar. O que me pergunto é por que não fizeram isso enquanto ele estava ainda vivo? A resposta é bem simples, não era lucrativo falar do Michael de outra maneira naquele momento.Do outro lado temos programas como os da MTV em que Michael, apesar das polêmicas, sempre foi citado como o ícone que realmente é.

Confesso que posso estar sendo muito radical. Tenho a consciência de que, paradoxalmente, o fim da vida de Michael causou a ressurreição da sua carreira. Hoje o cantor tem mais fãs do que em seus últimos dez anos de vida, mas a reflexão que fica é até que ponto é verdadeiro o luto de certa parte da imprensa e de algumas pessoas pela morte do rei do pop?


Leandro Sá, 22 anos, adorando a série de especiais que a MTV está passando sobre o Michael, mas eu já achava ele legal antes do Zeca Camargo falar isso.

10 comentários:

  1. Oi Lê...
    Também acompanhei esse fim de semana especial da MTV e fiquei pensando nessa súbita mudança de imagem que promoveram após a morte do MJ. É aquela velha história: as pessoas só são reconhecidas após sua morte.
    Ótimo texto!
    Bju!

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  2. O poderoso e velho marketing da mídia sobre nossas cabeças! Também não sou FÃ do Michael, mas um admirador desse artista completo! Quando mostraram que o Michael era pedófilo, foi e é um assunto complicado, nem um fã pode ter certeza disso...infelizmente a idealização que temos de nossos ídolos, seja quem for, vem através da mídia e quando a mesma quer popularizar, escancarar, simplesmente ela mostra e impõe o que quer. A imprensa nos joga a dúvida, causando frustração a alguns e, claro, fidelidade aos fãs-nato. O ponto é:" Será que Michael é mesmo essa pessoa que estão nos mostrando agora, ou o Michael de 10 anos atrás envolvido em escândalos?" O que está acontecendo hoje é o aproveitamento da mídia...fato explicitado pelo amigo nesse belo post...e podem esperar que não acaba por aí! Abraço

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  3. Tmabém acho muito curiosa a forma como a mídia muda o fluxo de informações passadas à massa consumidora, de acordo com seus interesses [ e com os interesses dos patrocinadores que mais pagarem ]. Fato é que existe muito mais sobre MJ que ainda não sabemos - as cerca de 100 músicas-demo que ele deixou, por exemplo, não duvido que leve décadas até a Sony liberar esses esboços, quiçá finalizá-las. Talvez nunca saibamos de tudo.

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  4. Concordo com a total manipulução da mídia sobre a imagem do Michael. Grande parte da imprensa de repente passou a tratar Sr. Jackson de "Wacko Jacko" para Rei do Pop. Não há como evitar que esses tipos de manipulação porque a população brasileira, de maneira geral, vivencia apenas o presente e ignora completamente o passado. Lembro-me da mudança de posição da rede globo em duas reportagens pre e pos morte do Rei. Cabe a nós espectadores ter uma visão ampla e crítica sobre as informações que a mídia nos passa.

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  5. falou tdo mano!
    a mídia tem um poder incrivel de manipulação e de poder lucrativo... realmente, é muito mais facil falar bem do michael agora que ele se foi, assim como acontece com os ícones brasileiros. Sempre são lembrados ou homenageados quando morrem.
    Grande parte de mídia é um cancer na sociedade.

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  6. Não é de hoje que as pessoas só são homenageadas após a morte. É aquela história de que só sentimos falta quando perdemos.
    Foi preciso o cara morrer pra lembrar o quanto ele foi importante para a música e a dança mundial ( e não só no POP).
    Quanto às crítics feitas a ele nos tempos antecedentes a morte, puro sensacionalismo barato para vender. Até pq eu, particularmente, com um ciclo grande de convivência, nunca vi uma pessoa que fosse contra ele. E ouso dizer que nem a mídia- a mesma que criticava- era contra. A maior parte estava apenas escrevendo o que pudesse ser chocante, mesmo que não fosse comprovado.
    Se ele era bonzinho, se era pedófilo, se era uma criança carente, isso ninguém nunca vai saber. Pq a vida pessoal dele não diz respeito à nós. O que ele deixa como herança para o público é o seu trabalho magnífico que revolucionou o seu tempo e influenciou todos os tempos que o sucedem

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  7. Por isso gosto tanto do discurso q a Madonna fez em homenagem ao MJ no VMA do ano passado.
    Foi aquilo q ela disse, a culpa dele ter morrido era d td mundo q preferiu fazer chacota e denegrir sua imagem ao invés de apoiá-lo em meio às dificuldades q ele enfrentava.
    E o mais legal é q ela se incluiu nesse grupo!
    Só a Madonna poderia falar palavras tão duras de frente pra tantas celebridades do mundo da música e ser ouvida e respeitada.

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  8. Serei sincero e vou dizer: Não sou um fã do Michael Jackson seja na música ou na vida pessoal.

    Em relação a mídia os motivos são mais simples do que parecem. Os veículos precisam de dinheiro e o que pode gerar mais audiência do que a morte de um ídolo.

    Acredito que tendemos a idolatrar mais aquilo que não podemos tocar.

    Mortos Elvis, Kurt Cobain e Michael Jackson se tornaram muito mais.

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  9. é kra, nem acredito q já faz um ano. e concordo contigo no teu discurso, aliás, o primeiro post do meu blog é bem parecido com esse aki e foi justamente qnd o MJ morreu que eu o escrevi.

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