terça-feira, 12 de outubro de 2010

A "vida real" invade tela.


Nos últimos dez anos assistimos a televisão brasileira ser dominada por reality shows. Neste período acompanhamos o surgimento das mais diversas modalidades desse tipo de atração televisiva, desde vertentes rurais até empresariais. Contudo, apesar da ampla quantidade de programas neste estilo, eles não são uma unanimidade, sendo também criticados pela parcela, que se julga, mais culta da sociedade.
As pessoas que atacam os realitys apontam como seus principais defeitos, a superficialidade e consequentemente a alienação causada por eles. Para os mais questionadores, este estilo de programa não gera pensamento crítico em seus telespectadores. Por outro lado os defensores dizem que é possível entender melhor o comportamento humano através dos realitys e que os programas têm até mesmo um fundo antropológico, uma vez que expõem diversas culturas.
Já demonstrei várias vezes que sou uma pessoa avessa a extremismos. Consigo visualizar pontos aprováveis e discordáveis nas duas linhas de raciocínio. Realmente a televisão hoje sofre um colapso destes programas, convivemos com um número exagerado deles. O lamentável é a falta de comprometimento dos produtores que, na maioria absoluta das vezes, não estão preoucupados com a qualidade dando foco exclusivamente aos números de faturamento gerados pela audiência que pode conseguir aquela atração. Confesso ter acompanhado algumas edições do "Big Brother Brasil" (inclusive a última) e que, vejo, aleatoriamente, trechos de "A Fazenda" e não tenho vergonha alguma de admitir isso, porque a alienação não está no que você assiste, uma novela, um ídolo,ou a falta de boas leituras, por exemplo, podem te levar a ela se você se permitir. A questão é que a maior parte destes programas visam o entretenimento e somente assim devem ser encarados. Buscar crescimento intelectual em "No limite" é uma total falta de discernimento.
Não podemos delimitar reality shows apenas a programas que prendem pessoas numa casa com o único objetivo de acumuular dinheiro. Também temos programas como "O Aprendiz", que considero ao mesmo tempo agradável e construtivo, o melhor reality show da televisão brasileira atualmente e o pedagógico "Super Nanny" que, mesmo com algumas inconsistências, eu ainda considero proveitoso em alguns pontos.
Enfim, espero que tenha ficado claro que não sou nenhum defensor ferrenho dos realitys, mas também não faço o estilo pseudo-intectual-que-nega-tudo-que-pertence-a-cultura-de-massa. O ser-humano é naturalmente curioso e estes programas vêm suprir a necessidade de algo "real" (ainda que seja uma realidade manipulada) que as pessoas venham a sentir falta na televisão. Concordo que, dependendo da intensidade com que é assistido e a importância que lhes é dada os programas são prejudiciais sim, todavia esta não é uma característica exclusiva de reality shows, sendo a alienção causada não necessariamente pelos programas mas pela forma como ele é encarado pelas pessoas.
Leandro Sá, 22 anos.Feliz por, mesmo com todos os impecílios, completar 1 ano de blog.