Não tem jeito. O assunto que mais comento com meus amigos amantes de música é o Rock in Rio. De volta ao Brasil depois de 10 anos o festival causou uma síncope coletiva durante a venda de ingressos e, apesar das críticas que tem recebido (inclusive minhas) sobre a escalação das atrações e a distribuição de artistas e bandas por dia, já é um sucesso garantido.
A minha relação com ela também é antiga (ainda peguei o final da época dos LPs), todavia foi em 2001 assistindo ao Rock in Rio pela TV que me dei conta do quanto é prazeroso ter ídolos e acompanhá-los. Minha forma de consumir música então se transformou. Sou do tipo de pessoa que gosta de comprar o CD físico com direito a encarte e sinto que assim estou fazendo parte da construção de uma carreira. Uma pena isso ser tão desvalorizado na contemporaneidade já permeada pela música digital. Atualmente vivemos numa sociedade em que tudo acaba por se superficializar, inclusive o consumo de música. Não sou tão retrógrado a ponto de não baixar nada lançado por artistas que admiro e considerar todos aqueles que fazem downloads traidores ou menos fãs, ao contrário minha ansiedade não permite que eu não baixe um novo disco que "vaza" na internet antes de seu lançamento oficial, porém ainda gosto de ter os álbuns de quem admiro na minha coleção.
De fato ao menos 80% dos meus ídolos musicais vieram dos anos em que eu era adolescente, período em que nos construímos, entre todos os aspectos, também musicalmente. Ainda por isso considero-a responsável por metade das minhas amizades. É engraçado lembrar a quantidade de pessoas que eu me aproximei devido a conversas sobre um lançamento de videoclipe ou sobre uma decepção ao ouvir determinado CD. Talvez por não gostar de futebol (paixão de 99% dos homens brasileiros) consegui subverter esse apreço a times e jogadores na minha obsessão por música.
Hoje, ainda que tardiamente, estou superando uma frustração que me acompanha há exatamente 10 anos que é não ter ido fisicamente ao Rock in Rio 3, tão responsável pela minha identidade musical. Tenho certeza que ao entrar na cidade do rock em Setembro (e Outubro, pois eu não conseguiria ir ao festival apenas um dia) reviverei enfim o momento em que o Leandro de 13 anos começou a se tornar o apreciador de música que é hoje e, finalmente serei curado, em parte, desse trauma adolescente.
Leandro Sá, 23 anos, contando os dias para ver Coldplay, Katy Perry, Frejat, Titãs, Rihanna, Skank, Paralamas e uma gama de artistas que admiro no maior festival de música do Brasil.