sábado, 11 de dezembro de 2010

Somos todos iguais?


Uma das características mais encantadoras do curso universitário que eu faço (assim como as demais áreas humanas) é o fato de ele proporcionar debates sobre assuntos cotidianos e relacioná-los ao nosso objeto de estudo- as obras literárias.

Durante as aulas da disciplina que mais gostei no período recém-terminado estudamos a literatura contemporânea. Como é impossível falar de literatura de uma maneira eficaz sem contextualizá-la com as peculiaridades da sociedade presente nela, esta foi uma das bases de nossas discussões.

Quando se pensa, academicamente, a contemporaneidade é impossível ignorar que uma de suas maiores mazelas é a massificação do pensamento popular. De fato vivemos numa sociedade em que a alienação é mantida através da mídia e também do desprezo por parte dos governantes com a formação de uma consciência crítica. Aqui apresentarei alguns pontos que destacam na massificação.

Sei que escrevi sobre política há alguns meses, mas existem alguns pontos preciso abordar por outra perspectiva. Após a última eleição constatei que muitos dos meus amigos votaram simplesmente por ser algo obrigatório e que seguindo uma linha de raciocínio de isenção de responsabilidade anularam seus votos, algo que, confesso, me deixou um tanto decepcionado. Não que eu considere imprescindível uma filiação partidária, entretanto acredito ser uma obrigação do eleitor, ainda mais alguém que cursa o nível superior, buscar informações sobre quem vai representá-los politicamente. Isso se chama consciência cidadã.

Ainda no que diz respeito a política, algo típico da alienação discutida foi a polêmica eleição de Tiririca em São Paulo. O ato, que foi considerado por muitos como um protesto, para mim nada mais foi do que o triste reflexo de que para a maior parte das pessoas é muito mais cômodo justificar sua preguiça em pesquisar um bom candidato como uma manifestação contra o “sistema”. Eu, por exemplo, votei no candidato Plínio de Arruda Sampaio, ainda que eu tivesse certeza da sua não eleição o que realmente valeu foi a consciência tranqüila quanto a minha atitude nas urnas.

A violenta padronização corporal também é um dos males afetam a população do século XXI. Devido a uma ideologia clichê em que todos devem chegar ao padrão pasteurizado de beleza imposto pelas novelas, revistas e outros veículos de mídia, palavras como “Stroll” (remédio para emagrecer repleto de efeitos colaterais) e “anabolizantes” são freqüentes no vocabulário de muitos dos meus amigos. Por um lado fico triste em vê-los cedendo a um pensamento coletivo tão superficial, por outro fico feliz por perceber que não sou atingido por tal massificação.

Sempre que escrevo tenho uma preocupação grande em não parecer que estou falando de um pedestal e que sou isento aos pontos que tanto critico. Na verdade como um ser - humano sou passível a erros, entre eles a padronização/massificação tão atacada aqui. De fato, mais importante do que ser consciente é querer ser consciente, portanto, por mais difícil que possa parecer, deixemos de ser gente-massa para nos transformarmos em seres pensantes. Vale à pena!

Leandro Sá, 22 anos, questionando: Precisamos ser todos iguais?