sábado, 17 de setembro de 2011

Apenas racionais ?


Essa semana vi uma situação que me acarretou diversas reflexões. Durante uma viagem de trem três estudantes de aproximadamente 12 anos estavam rindo de um de seus colegas (que não estava com eles no momento) por este ter chorado em público após sua namorada terminar o relacionamento. Tal ocorrido corrido prova, ao menos para mim, o quanto é real uma certeza que tenho há tempos: somos treinados durante toda a nossa vida para esconder, ou no mínimo disfarçar em determinados momentos, nossa faceta mais sentimental. Não falo de um sentimentalismo piegas, mas da sensibilidade comum a todo ser humano.

O deboche que presenciei feito sobre uma demonstração de fragilidade é muito mais comum do que se imagina e, teorizo eu, deve-se a insegurança que as pessoas têm e preferem disfarçar ressaltando as “falhas” dos demais. Ouvimos sempre sobre a necessidade de sermos fortes em todas as situações que acabamos por negar nossa insegurança e atacar qualquer vestígio dela apresentado por outrem.

O pior é que considero algumas pessoas extremistas em relação a busca por auto-afirmação. Conheço gente que tem a necessidade de ridicularizar os outros a todo o momento com intuito, ainda que inconsciente, de se sentir melhor consigo mesmo. Assim como os pit-boys que precisam agredir fisicamente outras pessoas para externar sua insegurança.

A situação é muito mais complexa quando se trata de representantes do sexo masculino. Desde criança a frase “homem não chora” se torna conhecida junto com todo o conceito de “virilidade” que lhe está embutido. A partir dessa assimilação se torna vergonhosa qualquer ação que contraponha o conceito imposto de masculinidade. Sendo assim não se predispor a uma briga física, chorar assistindo a um filme ou não conhecer a colocação da tabela do campeonato de futebol são “inadmissíveis” para um homem. E assim criamos um esteriótipo machista que, para o bem das mulheres, está a cada dia menos real.

O ser humano não é auto-suficiente, buscamos a todo o momento afirmação perante a nós mesmos e a sociedade em que vivemos. Acredito que não devemos ser pessoas passivas, mas não podemos esquecer também que não somos apenas racionais e que, muitas vezes, nosso lado emocional também é muito relevante. E se supervalorizamos apenas um desses pólos, temos sérios problemas.

Leandro Sá, 23 anos, escrevendo pouco aqui no blog atualmente devido a minha monografia.