sábado, 19 de fevereiro de 2011

Questão de Opinião


Nesta Sexta Feira tive uma reunião no trabalho que me fez acordar bem cedo. Ainda assim dormi às 02:30h na madrugada anterior. O motivo dessa imprudência foi a necessidade quase física de acompanhar o lançamento de “Hold it Against me”, o mais novo clipe de Britney Spears. Apesar do sono que senti no dia seguinte, não me arrependo dessa sandice e só quem é realmente fã de algum artista vai compreender o porquê disso. A princesa do pop que sempre é impecável em seus vídeos não decepcionou os fãs (que nutrem por ela quase uma devoção). No clipe ela luta contra si mesma numa cena de tirar o fôlego, flutua entre telões que exibem suas imagens antigas, além de esbanjar efeitos especiais. Enfim, é algo que vale a pena ser assistido por apreciadores de bons videoclipes.

O que me surpreendeu depois de assistir ao clipe não foi sua qualidade (que eu já esperava) ou as ótimas críticas dos veículos de mídia especializados (que também já seriam previsíveis). A minha surpresa foi ver no fórum de discussões da comunidade da revista “Billboard” (considerada a bíblia da música) no Orkut comentários de alguns membros que depreciavam um clipe que grande parte dos fãs de música pop estava naquele momento exaltando. O meu pensamento foi: Como eles têm a audácia de tecer tais comentários?

Brincadeiras a parte é fato que vivemos numa sociedade ideologicamente plural, o que na teoria é algo fascinante, mas na prática do cotidiano causa efeitos perceptivelmente trágicos. Pense em quantas vezes vemos notícias de mortes em estádios de futebol devido a brigas que têm como único motivo a divergência entre os time pelos quais as pessoas envolvidas torcem. Ou quanto radicalismo surge em uma discussão que aborde temas polêmicos como a legalização da maconha, do aborto, da união civil homossexual, do voto facultativo, do fim do alistamento militar obrigatório ou até mesmo de um videoclipe. Levante qualquer tema desses e você terá não somente uma positiva divergência de idéias, mas, por parte de algumas pessoas, a intolerância destrutiva ao pensamento alheio.

Não estou dizendo que é fácil conviver num mundo de opiniões diferentes. Eu mesmo admito ter certa dificuldade em me relacionar harmoniosamente com pessoas muito diferentes de mim – seja no campo amoroso ou no da amizade. Entretanto me esforço para me desenvolver e superar esse ponto fraco. Obviamente admiro pessoas que defendem o que acreditam e fazem disso um ideal, contudo a intransigência não nos traz nada de positivo. É claro, em minha opinião.

Leandro Sá, 22 anos. Indicando mais uma vez “Hold it Against me” à todos os amantes dessa linguagem artística fantástica que é o videoclipe.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Ser Arriscar Viver


Quando foi lançado o filme “Comer Rezar Amar”, estrelado por Julia Roberts, tentei convencer meus amigos a assisti-lo comigo. Como a película, baseada no livro homônimo e autobiográfico escrito por Elizabeth Gilbert, não havia agradado à maior parte das pessoas que conhecíamos, eles desistiram e eu consequentemente também (até porque não me agrada muito ir ao cinema sozinho).

Recentemente vi uma matéria na televisão em que o filme era citado e resolvi alugá-lo. Diferente do que muitos falaram não o achei monótono. A trama gira em torno de Liz Gilbert, mulher que, insatisfeita com o casamento e a vida profissional, resolve passar o ano em viagem a fim de se auto-conhecer. Ela passa por três lugares: Itália – onde descobre o prazer da gastronomia, Índia – em que percebe a força da oração e da meditação e Bali- onde alcança o equilíbrio intrapessoal e redescobre o amor. A temática abordada me agradou bastante,pois sempre chama a minha atenção a discussão acerca da busca de desenvlimento pessoal e libertação dos valores intrínsecos na sociedade contemporânea, ainda que abordada de maneira um tanto clichê, vale pela reflexão que me causou.

Quantas vezes temos medo de expor nossa própria identidade por medo do julgamento alheio? Tenho certeza que alguns mais outros menos, mas é comum termos medo do que os outros vão pensar ao tomarmos determinadas atitudes. O ser humano recebe uma cobrança natural para agradar aos demais e, ainda que seja uma cobrança indireta, reflete nas situações cotidianas, porém o que mais importa é ultrapassarmos as cobranças e antes da preocupação em agradar os outros nos preocupemos com a nossa própria auto-aprovação.

O tema é tão forte que são inúmeras as músicas que o abordam de maneiras totalmente distintas. Sandy fala sobre esse autoconhecimento na reflexiva “Quem Eu Sou” encontrada no ótimo CD “Manuscrito” (2010). Na canção a cantora fala sobre descobrir-se, procurar seu próprio caminho, libertar-se, e de não ter medo de arriscar viver, pois com esse medo só há perdas. Já a roqueira Pitty, uma das melhores letristas da música brasileira contemporânea, destaca na música “Anacrônico”- faixa do CD de mesmo nome lançado em 2005- as mudanças de valores ao longo da vida tão comuns à construção da identidade que passamos ao longo vida.

Ao final do filme a personagem de Julia encontra um novo amor depois de passar por todas as experiências nos países pelos que visitou. A diferença entre esse novo namoro e os relacionamentos frustrados do início da história não é o homem pelo qual ela se apaixona e sim sua postura perante o relacionamento e o fato dela própria ter evoluído. E essa foi a reflexão final que o filme me causou, apesar de não ter o dinheiro para uma grande viagem como a da senhora Gilbebrt, considero ideal tentar se descobrir e se desenvolver da maneira que podemos.

Leandro Sá, 22 anos. Pedindo desculpas por soar clichê em alguns momentos, ou em todo o texto.