domingo, 23 de janeiro de 2011

Diminuam as cores (por favor)!



Acompanho o mundo da música (e do entretenimento de maneira geral) há mais de uma década. Por essa razão, tenho percebido muitas transformações nos critérios que fazem o público levar um artista ao topo das paradas de sucesso. O problema é quando essas mudanças vêm atreladas à uma perda de qualidade musical.

Minhas impressões sobre as tão comentadas “bandas coloridas” confesso, não são nem um pouco simpáticas. Angustia-me ver adolescentes gritando por bandas sem comprometimento algum com o que cantam e que, ainda assim, têm integrantes que se intitulam roqueiros. Ainda sou da época em que tocar rock significava ter boas letras e um mínimo de posicionamento ideológico, e apesar de nunca ter sido roqueiro convivo muito bem com eles e aprecio bastante o gênero. Claro que sou muito mais próximo à música pop, que perdoa facilmente atitudes não tão politizadas, mas me incomoda ver bandas de rock assumirem esta postura.

A banda brasileira que melhor representa essas características é o “Restart” com um som chamado de “happy-rock” eles lotam shows e são os favoritos dos adolescentes atuais. Com tendências descartáveis como roupas excessivamente coloridas eles cantam de maneira superficial conflitos amorosos tão bem abordados por bandas da minha geração como “Los Hermanos” e “Skank”. Eles ainda venceram a votação popular do VMB (prêmio musical da MTV brasileira) em 5 categorias, o que lhes rendeu merecidas vaias de uma plateia enfurecida. O perfil do público do “Restart” fica bem claro em um patético vídeo no You Tube, em que um de seus shows é cancelado e os fãs se revoltam com frases como: “Vou xingar muito no twitter” e “Isso é uma puta falta de sacanagem!”. Mas, por mais infeliz que seja eles não vêm sozinhos a moda colorida ainda conta com bandas como: “Cine”, “Replace” (Esses nomes americanizados tendem a me irritar ainda mais) e “Hori”.

Já admiti meu saudosismo há alguns textos e peço desculpas por ter soado, em alguns momentos, radical. Sei que já fui adolescente e, nessa época da vida, é natural nos apegarmos a alguns modismos, porém eu realmente tenho um espírito nostálgico e não há nada que eu possa, ou para ser realmente franco, que eu queira fazer quanto a isso.

Leandro Sá, 22 anos, com saudade da época em que as meninas gritavam pelos “BackStreet Boys”.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Reacostumando ao ócio


Estar de férias é um desejo que abrange 10 entre 10 pessoas. E Janeiro é o mês em que terei a difícil tarefa de não ter tarefas, ao menos não obrigatórias. Não, caro leitor, não estou sendo irônico e muito menos estou tentando pôr-lhe inveja, é que passei tanto tempo do ano na correria cotidiana cheia de horários, prazos e metas a cumprir que, ao me deparar com a ausência de tudo isso surge uma (e me perdoem por amar paradoxos) "agonia satisfatória".

A reclamação do cotidiano faz parte de um processo de adaptação a ele, uma vez que a minha rotina (trabalhar + estudar),é, inclusive, a mesma de muitas pessoas que eu conheço, e por mais cansativa que seja é extremamente agradável.

Se eu for analisar estes dois principais âmbitos não há muitas reclamações a se fazer. No trabalho, por exemplo, 2010 foi um ano de grande crescimento. Na primeira metade do ano eu atuava como operador de atendimento, função extremamente digna, mas que eu já executava há bastante tempo e achava que havia chegado o momento de ir além. Após um criterioso processo seletivo hoje sou instrutor de treinamento e consigo aplicar grande parte dos meus conhecimentos enquanto trabalho, já que me minha função é bem próxima a de um professor. Para mim esse foi um acontecimento realmente significativo, uma vez que, além de mudar de função, conheci outras pessoas que vêm agregando muito na minha vida profissional e pessoal,não esquecendo,claro, os que estiveram presentes anteriormente.

Já no que diz respeito à minha vida acadêmica as alegrias são ainda maiores. A cada dia mais apaixonado pelo meu curso e achando que cada vez soa mais agradável o título de “professor de literatura” 2010 foi um ano de muita leitura e que obtive o maior reconhecimento como futuro profissional do mundo das Letras. Fui convidado para dar uma palestra na faculdade. Se a principio o convite me deixou preocupado, por medo de não conseguir alcançar um resultado satisfatório, me esforcei em dobro para realizar um bom trabalho e foi imensuravelmente gratificante ver um auditório cheio de familiares, amigos e professores elogiando a minha dissertação sobre a “construção da identidade feminina através da literatura”.

É, ao pensar meu ano de 2010 percebo o quanto necessito destes 30 dias de descanso.De fato este é um período em que muitas são as possibilidades de entretenimento e já me prometi a frequência em cinemas e teatros, mais nights com os amigos, escrever mais aqui no blog e tudo que o tempo consumido pela rotina não me permite fazer constantemente, logo, percebemos que não é tão difícil quanto eu imaginava readquirir o hábito de não ter compromissos formais. Sendo assim, paro por aqui e vou me dedicar à minha mais nova obrigação: o tão delicioso ócio.

Leandro Sá, 22 anos,aproveitando meu tempo de calmaria.