domingo, 24 de janeiro de 2010

Britney e... a imprensa brasileira.


É de conhecimento da maioria dos leitores do blog que sou fã da Britney Spears, artista que eu acompanho desde os meus 12 anos de idade. Os que compactuam com esta admiração e que, assim como eu, costumam seguir atentamente os passos da princesa do pop de fato conhecem o tratamento que a nossa mídia vem dando à Britney ao longo dos seus 11 anos (e lá vai tempo) de carreira. E o objetivo aqui é discutir a conturbada relação entre a maior artista dos anos 00 e o que temos por imprensa brasileira.

Creio que seja importante esclarecer, para evitar possíveis interpretações que atribuam determinados argumentos a uma visão romantizada de fã, que não pretendo beatificar a Britney, visto que, como bom conhecedor da mesma, sei que não se trata de nenhum mártir, mas demonstrar como a nossa mídia, em grande parte das vezes, a massacra com argumentos ultrapassados e descabidos.

Britney Spears, em nível de contextualização, é a cantora que mais vendeu discos na década recém-terminada e, pelo que dizem boa parte dos veículos especializados em música (notem que não fui eu quem inventou essa definição), um dos maiores fenômenos surgidos no mundo da música. Exageros à parte de fato a cantora construiu um legado invejável e conseguiu milhões de admiradores que a seguem quase que religiosamente. Então por qual motivo jornais, revistas e programas de TV brasileiros tratam Britney como uma mera celebridade dessas que sem ter nada de positivo a oferecer para o público vivem de escândalos com o único propósito de chamar a atenção? Sei que neste ponto muitos dirão que seria essa uma clara definição da artista que estou aqui a defender mas é exatamente aí que eu quero chegar.

De fato a relação aqui exposta nunca foi das mais respeitosas e atingiu o auge da adversidade quando Britney teve seu, digamos, momento rebelde, ocorrido entre os anos de 2006 e 2007, período conturbado na vida da cantora no qual ela abusou deliberadamente de atitudes que a trouxeram uma imagem vexatória e indesejável para qualquer tipo de figura pública. A grande questão em torno de tudo isso é que apesar de ser impossível mudar o que já foi feito por ela houve algo que, praticamente, não foi divulgado em nosso país. Após toda a controvérsia causada por ela nos anos já citados Britney deu sua volta por cima em 2008 mostrando um comportamento totalmente contrário ao anterior, organizando, novamente, a sua vida e, consequentemente, a sua carreira de maneira inacreditável, principalmente aos olhos dos que já decretavam o fim da cantora, mas o que realmente me intriga é a cobertura medíocre que a imprensa brasileira deu a este fato.

Há muitos que me chamarão “antipatriota” por criticar apenas a imprensa brasileira e nem ao menos falar da internacional. Na verdade a grande diferença entre as publicações e programas brasileiros e os americanos ou europeus, por exemplo, é a questão da atualização. A atualização a qual me refiro é a que diz respeito ao compromisso com a informação passada ao público. Para ser mais claro aqui cabe um exemplo: Nos Estados Unidos milhares de tablóides se esbaldaram com as fotos de uma Britney decadente o que ajudou a alavancar as vendas de muitos deles. Entretanto em 2008 revistas como a “People” e a “Rollingstone” foram as primeiras a dar destaque a uma artista que voltava ao patamar de superstar, conquistado por seus próprios méritos. Enquanto aqui no Brasil programas conceituados como o “Fantástico” da Rede Globo, que possui altos índices de audiência, aproveitou ao máximo a fase ruim de Britney se baseando, inclusive, em reportagens de jornais de conteúdo duvidoso como o “The Sun”, famoso por dar notícias infundadas sobre celebridades. E no período em que o mundo celebrava o retorno da princesa do pop, o programa transmitia seu novo videoclipe adjetivando-a como “rainha dos escândalos” título divergente da Britney de então propagando assim uma imagem já anacronizada no exterior para milhões de brasileiros. Porém não dá para generalizar neste quesito, já que, apesar de poucos, houveram veículos de mídia comprometidos com as informações sobre o retorno de Britney e estes são a MTV Brasil e programas como o “Leitura Dinâmica” da Rede TV que, apesar de não disporem do aparato Global vêm transmitindo notícias coerentes sobre a cantora. E, por mais que pareça ultrapassado falar deste período é fato que certos equívocos rendem interpretações pejorativas sobre a Britney até os dias de hoje por parte de pessoas, que diferente dos admiradores de música de um modo geral, se baseiam nas informações dadas por uma mídia descompromissada com o atual.

Enfim toda esta reflexão acerca da relação Britney X Imprensa brasileira nos remete a infeliz realidade de que a nossa mídia está atrelada a um passado negativo, porém rentável, o que nos leva a pensar até que ponto o que lemos ou vemos é real ou aumentado (inventado), dúvida que facilmente pode ser solucionada basta saber onde e como encontrar a informação, e aos que estão interessados em conhecer a verdadeira imagem da Britney sem qualquer tipo de possibilidade de conotação duvidosa basta assistir ao documentário “For the Record” grande responsável por restaurar a imagem da cantora junto ao público.

Leandro Sá, 21 anos. Feliz por estar de volta com o blog e pedindo desculpas pela ausência prolongada que enfim acabou.