quinta-feira, 19 de maio de 2011

Sim para a educação urbana


Conviver é uma das atividades cotidianas mais difíceis e com a qual muitas vezes temos problemas. Além das relações que somos convencionalmente obrigados a manter seja em casa, no trabalho, na faculdade ou em qualquer outro ambiente em que construímos afetividade e, ainda assim, temos nossas adversidades ainda temos o contato forçado travado nas ruas, nos transportes, nas bibliotecas, nas baladas e em inúmeros outros lugares em que existem pessoas por nós desconhecidas.

E é exatamente esse contato efêmero com desconhecidos que pretendo abordar. É curioso notar, a partir deste ponto, a quantidade de pessoas que carece de algo que aqui chamarei de educação urbana. São diversos tipos que aparentam não ter a mínima noção de respeito coletivo ou de discernimento lógico. Listarei aqui os principais representantes dessa praga social.

O primeiro que vem a minha mente quando abordo esse assunto é incomodo a qualquer pessoa que costume andar de ônibus, trem, metrô ou qualquer outro transporte coletivo. É claro que estou falando do ser odioso que faz total questão de deixar o seu celular no último volume exibindo a total potência do seu auto-falante para que todos ouçam suas músicas favoritas (que em geral se resumem a qualquer novidade que esteja na moda e de produção e qualidade duvidosos). Admiro os avanços tecnológicos e considero fantástico que eles estejam conseguindo atingir várias camadas sociais, mas acredito que junto a eles deve estar também o direito a não ouvir algo de que não gosto. Viva o fone de ouvido, tão renegado por essas pessoas.

Outros cidadãos que também merecem ser citados são os escandalosos. E quando falo deles me refiro às pessoas que expõem suas conversas, que até então pareciam particulares, no celular para todos devido ao seu altíssimo tom de voz, dos grupos que consideram qualquer algazarra desordenada um exemplo de bom humor e, por isso, incomodam a todos que estão a seu redor com piadas que não têm a menor graça para quem não está inserido em seu contexto. E para complementar compactuam com a intromissão na conversa alheia algo extremamente condenável nas regras de bom convívio, em especial se você não conhece a pessoa que está tendo seu assunto invadido.

Ainda entre os grandes ofensores da convivência coletiva temos os que pretendem me matar de alguma doença do pulmão. Alguns fumantes precisam entender que nem todos apreciam aspirar a sua fumaça e que existem ambientes em que acender um cigarro pode não ser agradável a todos. Sim, tenho muitos amigos fumantes que sabem se comportar e vocês não estão inseridos nesse parágrafo. Mas de fato existe muita gente que acha que o mundo ama ficar com odor de cinzeiro.

Não sou politicamente correto 24 horas por dia, porém se existe algo que me incomoda profundamente é ver alguém jogando seu lixo em qualquer lugar que não seja próprio para tal. Não parece haver preocupação por parte de alguns com suas atitudes ambientais e seu impacto na própria realidade em que vivem. Sem querer bancar o ambientalista já vi pesquisas em que pessoas que visitam o Brasil informam qual foi o aspecto menos agradável do país e ao responderem essa pergunta a maior parte deles informa que é a sujeira nas ruas. Ainda sonho com o dia em que ninguém jogará lixo no chão e teremos um ambiente muito mais limpo.

Sei que muitos se identificaram com o incomodo que lhes é causado por esses personagens presentes em nosso dia-a-dia. Ainda que não queiramos, topamos sempre com cada um deles. De fato não há possibilidade de evitá-los e a cada dia parece que seu número se multiplica. Portanto se não podemos com eles... exercitemos nossa paciência.

Leandro Sá, 23 anos, ciente de que faltam muitos tipos a serem citados e preparando para, quem sabe um dia, a parte 2 dessa crônica.

Um comentário:

  1. Eu vejo como o problema maior a "cultura carioca". A cidade de Vitória, capital capixaba, é extremamente limpa, assim como muitas outras no Brasil. Em São Paulo ninguém estaciona carro na calçada. Mas aqui é um misto de pode tudo com nada tem problema. Acaba dando nisso. Contudo, é importante observar que você está falando de condutas normativas impostas pela sociedade para a manutenção do bom convívio social e assim, como em qualquer lugar do mundo, haverá sempre focos de resistência para com essas normatividades.

    A sua percepção sobre o cotidiano é muito aguçada. Se eu fosse você pensaria em fazer uma pós na área de Sociologia. Talvez você goste. Grande Abraço!

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