sábado, 18 de setembro de 2010

Alguém tem que falar!


"Não espere, levante
Sempre vale a pena bradar
É hora
Alguém tem que falar"

Pitty


Estamos próximos de mais uma eleição e, ao que parece, as pessoas estão pouco preocupadas, com quem vai representá-las politicamente. Sei que nesse momento mais da metade dos leitores já desistiu deste texto devido ao tema que é repelido por grande parte dos brasileiros. Falar sobre política requer certo cuidado, já que não pretendo que o post soe como uma lição de moral, e sim um reflexão, nem como uma defesa das minhas convicções partidárias, mas como já assumi o risco vamos ao que realmente interessa.

O grande problema que eu percebo em relação ao posicionamento político da população brasileira é que a sua maioria prefere manter um pensamento a margem dos acontecimentos que envolvem nossos governantes (e consequentemente a nós mesmos). Escândalos que causam extremo impacto sobre a vida de todos, são incompreendidos e até, muitas vezes, ignorados pela maioria absoluta das pessoas, que prefere viver na ignorância a tomar conhecimento dos fatos importantes que permeiam o país. A esse mal chamado alienação há quem culpe a imprensa, há também quem culpe os próprios políticos, eu culpo a falta de interesse por parte das pessoas na defesa de seus direitos. Não podemos esquecer o quão confortável é a alienação, já que como reforça o escritor inglês Thomas Grace: “Onde a ignorância é felicidade, é loucura ser sábio.”, ou seja, enquanto o cidadão vive coberto pelo manto do “não saber” sua felicidade estará protegida.

Fico então a imaginar a época em que a ditadura era a grande mandante do nosso país. A juventude que viveu este período demonstrava anseios de liberdade e, sofreu, incomparavelmente, mais represálias que a contemporânea, a ponto de autores como Chico Buarque e Gilberto Gil precisarem camuflar suas mensagens contra o regime para que suas músicas não fossem censuradas. Sendo assim, chegamos uma ideia de que política não se resume a votos na eleição. Estamos falando de algo bem mais abrangente que diz respeito a busca de seus direitos,inclusive o de se expressar. Vemos também que a juventude que teve suas ideias controladas demonstrou um grau muito mais alto de politização que a atual em que este tipo de liberdade não precisa mais ser reivindicada. Identificando essa apatia política dos dias de hoje a cantora Pitty incluiu em seu último álbum (Chiaroscuro – 2009) uma música chamada “Todos estão Mudos” (título que faz clara referência intertextual a “Todos estão Surdos” de Roberto Carlos). Na canção a baiana solta frases como : “Não parece haver mais motivos/Ou coragem pra botar a cara pra bater” e “Há quem diga que isso é velho/Tanta gente sem fé num novo lar/Mas existe o bom combate/É não desistir sem tentar” questionando a ausência de luta, não só da juventude, mas da população em geral.

Isto posto muitos me chamarão de utópico, ou demagogo, aceito o primeiro adjetivo e recuso o segundo isto porque realmente admito possuir um perfil sonhador, de alguém que realmente acredita que ainda há jeito, ao menos, de melhorar a organização política de nosso país. Por isso percebo a necessidade do Brasil adotar o voto facultativo, já que assim,apesar de termos um número bem menor de votantes, conseguiremos uma concentração de votos dada por eleitores conscientes. Admito que ainda percebo a necessidade de me politizar mais, todavia acredito estar assimilando conceitos fundamentais para este ato. É o momento de rompermos com o discurso comodista que diz que a população não se interessa por política pelo fato de não haver uma melhora no panorama parlamentar. Este pensamento gera um ciclo vicioso, visto que a melhora não ocorre ,afinal, por haver esta falta de interesse da população para com a política.



Leandro Sá, 22 anos. Ainda não ciente sobre todos os meus votos, mas ciente de quem não irá ganhá-los.

6 comentários:

  1. Confesso haver essa falta de preocupação da minha parte com relação à política também, e não faço questão em me preocupar...
    Não presto atenção nas propostas, até porque são apenas propostas...geralmente levo meus votos àqueles que já estão na ativa e dos quais conheço o trabalho, e os respectivos companheiros de partido e que abraçam a mesma causa...
    Mas os novos, não me preocupo mesmo em conhecer nem saber, porque bolar um bom projeto e uma boa proposta, até eu bolo, e não há como saber se tudo será colocado em prática!

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  2. Pois é, ninguém se preocupa! E essa falta de preocupação sempre me chamou a atenção e me levou a crer, já há bastante tempo, que na verdade não devíamos mudar os políticos, devíamos mudar os eleitores! Quando ao voto facultativo sou contra, ninguém entende a importância do seu voto e desconhecem a quantidade enorme de pessoas que lutaram (e perderam suas vidas) durante séculos para conquistá-lo. E pense no seguinte, se ele for mesmo facultativo, só irá votar quem tiver interesse na votação, em outras palavras, a política será ainda mais excludente para com os pobres e ainda mais “gentil” para com os ricos. O problema a meu ver não é o voto obrigatório e sim a falta de consciência da maioria da população. Grande abraço Leandro.

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  3. Eita! O estudante de Ciências Sociais aqui no comentário anterior me parece muito insatisfeito com este cenário. Pq sera? Hehehehe... Olha, eu não gosto de política, mas achei muito interessante o texto, pois nos remete à responsabilidade do voto. Muito importante. Acho que trata-se um problema de cultura mesmo. De um modo geral, no Brasil não somos preparados pelo ensino público a questionar, etc. Somos induzidos ao comodismo, então, requer mesmo esforço para pensar na política da forma séria que ela realmente é. Abraços...

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  4. Adorei todo o blog e esse texto está muito bom, realmente concordo com quase tudo que colocou e como já foi citado nos comentarios anteriores politica no Brasil é uma questão cultural, só que acho que quando uma coisa chega no limite o povo vai sim pras ruas e protesta, só que acabam sendo protestos isolados e assim não tem a mesma força do passado em que todos protestavam por um ideal.

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  5. Sou a favor do voto facultativo. Acredito exatamente no oposto do que foi citado acima: se as pessoas tivessem chance de escolher votar ou não, elas se sentiriam mais valorizadas, talvez percebessem que realmente pudessem fazer alguma diferença, ao contrário do que acontece agora.

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  6. Não existe vitórias sem lutas!


    Gostei mtooo dos seus texto e cada vez mais axo que está perto de publicar seu livro , rss

    com certeza estarei na premiere!

    A consciência crítica do brasileiro está longe de uma realidade coerente ... !

    Vc é incrível Leandro Parabéns!

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