domingo, 12 de junho de 2011

A maravilhosa vida dos outros

Que atire a primeira pedra quem nunca quis saber mais sobre aquele colega de trabalho que não costuma ser comunicativo nem mesmo em momentos informais, ou sobre aquela vizinha que parece não ser muito adepta à fidelidade conjugal e sempre recebe visitas suspeitas na ausência do marido.

O ser humano tem a necessidade de tecer comentários sobre a vida alheia. Por mais que não admitam, as pessoas gostam de saber quem as outras são, o que fazem, do que gostam e obter todo tipo de informação relevante para ser usada como pauta nas mais variadas conversas. Não confundam o que digo como uma defesa à fofoca. Essa é nociva e, muitas vezes, maldosa. O que faço ode nesta crônica é a admissão da curiosidade, por mais que a linha divisória entre elas seja, perigosamente, tênue.

A ficção é um dos reflexos dessa real dependência que temos de análise das relações humanas. O cinema é grande norteador de reflexões sobre atitudes e suas implicações no cotidiano. Também a telenovela, esta com um alcance popular incalculável, põe em debate questões que fazem parte da vida de milhões de pessoas e, mais uma vez, julgamos comportamentos relacionando-os com a nossa realidade. Então, desde manifestações artísticas consideradas eruditas, como a literatura, e programas de apelo popular, como os reality shows são reflexo de nossa curiosidade.

A problemática da questão surge quando nos deparamos com a parte mais patética dessa história. A "indústria das celebridades" nada mais é do que uma vertente midiática especializada em acompanhar famosos nas suas vidas comuns e fúteis. Para ela algo como um simples mergulho na praia que é capaz, por si só de gerar uma capa de revista, uma grande (só em questão de tempo mesmo) reportagem na televisão ou o link mais acessado da internet. Esse tipo de curiosidade já me soa um tanto exagerada e fico decepcionado em existir gente que consome, avidamente, tal conteúdo.

Acredito que a curiosidade é uma característica comum a todo ser humano. Eu sou, tu és, ele é... nós somos naturalmente curiosos. E nunca conheci ninguém que conseguisse fugir a essa máxima.

Leandro Sá, 23 anos. Admitindo que a curiosidade é muito mais simpática quando está direcionada para a vida de outrem.

11 comentários:

  1. Excelente Leandro!
    Um dia vou chegar no seu patamar.
    Mas devo dizer que não sou curiosa, apenas gosto de estar bem informada. rs
    beeeeijos

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  2. Concordo com você, aliás como sempre, as pessoas são curiosas sim, eu sou curiosa. O problema é quando passam a fazer fofoca, curiosidade é natural, agora fofoca, sem comentários...

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  3. Eu gosto de dizer que fofoqueiro não é quem quer saber, mas sim quem espalha, e sem saber se é verdade ou não. Querer saber da vida dos outros é normal, natural, e até arrisco a dizer que nos faz bem.

    Agora, viver em função disso, na minha opinião, é mesmo falta de uma louça pra lavar.

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  4. Cara! Não acredito que a Karina Bacchi ta pegando aquele coroa.. PQP! rs.

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  5. Querido Leandro, mais uma vez adorei seu texto,porém, acredito que quando vc fala "O ser humano tem a necessidade de tecer comentários sobre a vida alheia." seja MUITO falacioso. Conheço pessoas que não se importam nem um pouco com a vida alheia. ACREDITE isso é verdade, por mais que esse grupo seja restrito. A necessidade que os seres humanos têm é de comer e suas necessidades fisiológicas/emotivas. O resto é adjunto... É claro que nós vivemos num momento da história que saber da vida do outro é até normal. E também reconheço que no passado as maiores invenções e revoluções se deram através da observação do outro, da curiosidade. Tem um livro que eu li na disciplina de Teoria da Literatura que fala disso o nome é o "O show do eu- a sociedade do espetáculo" da Paula Sibila (se não me engano) Fala exatamente disso e relaciona com a internet. Ótima pedida como presente, o livro é maravilhoso! Voltando a ideia central do post. Eu adoro saber da vida alheia. Adoro mesmo. Lembro que na faculdade eu odeio aula de Machado de Assis (sim, não gosto de Machado e pode jogar pedra porque sou criticado por todos os lados por causa disso [aluno de letras que não gosta de machado? que insulto])aí quando chega na hora de coisas relacionadas a biografia do cara eu me interesso e muito. Eu amo ficar relacionando obra e biografia quando leio algum autor. Por isso amo Clarice! É claro que não podemos nos prender só nessa parte pq a leitura fica pobre, mas que fica muito interessante, ahhh... isso fica! Concordo com a diferença que faz de fofoca e curiosidade, e a ressalva de que seja tênue o limite entre uma e outra. Bom, tirando o que falei, adorei seu texto!

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  6. Concordo em gênero, nº e grau com sua última. De fato a curiosidade é muito mais simpática quando está direcionada para a vida de outrem.

    Como sempre, você é incrível! E não acho que tenha tido um tom de crítica. Acho sinceramente que as pessoas que "se doerem" com este texto (que não se trata de uma crítica agressiva e você faz questão de deixar isso claro!) talvez façam parte deste target que "consome avidamente tall conteúdo"...

    Continue escrevendo, amigo! Ler você é um presente.

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  7. Fofoca só tem graça se for sobre gente conhecida. Para que perder tempo com celebridade?? Elas vivem disso, vivem pra isso. São fofocas produzidas em laboratório. Não percam tempo lendo esse tipo de mexerico. Se gostam de uma boa fofoca, prestem mais atenção nas pessoas de carne e osso (e gordura localizada). Por forte tem que ser o babado, não o seu sujeito.

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  8. Digo, porque forte tem que ser o babado, não o seu sujeito.

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  9. Concordo plenamente com você. E o pior é pensar que além de tudo, fofoca dá dinheiro. As boas revistas, com grandes reportagens chegam às bancas mensalmente ou (com muita sorte) quinzenalmente, enquanto as revistas que falam da vida alheia entopem as bancas todas as semanas.

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  10. Sou um et, pois não tenho a menor curiosidade sob a vida de desconhecidos.

    Sério, não vejo o menor sentido em links como "a semana dos famosos".

    Mas, o povão gosta, né! Vamos dar a eles, o que eles querem! E um brinde ao Big Brother! *tim tim*

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  11. Eu sou do tipo que: "Sobre a vida dos outros, me cabe saber somente aqueles que estão próximos a mim". Pois, se não procuro saber sobre eles, naturalmente não tenho o menor interesse em me relacionar.
    Bom, deixando a minha opnião de lado, gostei do texto. Sempre colocando muito bem os argumentos e as idéias sobre os assuntos. ;)

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