
O ser humano tem a necessidade de tecer comentários sobre a vida alheia. Por mais que não admitam, as pessoas gostam de saber quem as outras são, o que fazem, do que gostam e obter todo tipo de informação relevante para ser usada como pauta nas mais variadas conversas. Não confundam o que digo como uma defesa à fofoca. Essa é nociva e, muitas vezes, maldosa. O que faço ode nesta crônica é a admissão da curiosidade, por mais que a linha divisória entre elas seja, perigosamente, tênue.
A ficção é um dos reflexos dessa real dependência que temos de análise das relações humanas. O cinema é grande norteador de reflexões sobre atitudes e suas implicações no cotidiano. Também a telenovela, esta com um alcance popular incalculável, põe em debate questões que fazem parte da vida de milhões de pessoas e, mais uma vez, julgamos comportamentos relacionando-os com a nossa realidade. Então, desde manifestações artísticas consideradas eruditas, como a literatura, e programas de apelo popular, como os reality shows são reflexo de nossa curiosidade.
A problemática da questão surge quando nos deparamos com a parte mais patética dessa história. A "indústria das celebridades" nada mais é do que uma vertente midiática especializada em acompanhar famosos nas suas vidas comuns e fúteis. Para ela algo como um simples mergulho na praia que é capaz, por si só de gerar uma capa de revista, uma grande (só em questão de tempo mesmo) reportagem na televisão ou o link mais acessado da internet. Esse tipo de curiosidade já me soa um tanto exagerada e fico decepcionado em existir gente que consome, avidamente, tal conteúdo.
Acredito que a curiosidade é uma característica comum a todo ser humano. Eu sou, tu és, ele é... nós somos naturalmente curiosos. E nunca conheci ninguém que conseguisse fugir a essa máxima.
Leandro Sá, 23 anos. Admitindo que a curiosidade é muito mais simpática quando está direcionada para a vida de outrem.