domingo, 6 de fevereiro de 2011

Ser Arriscar Viver


Quando foi lançado o filme “Comer Rezar Amar”, estrelado por Julia Roberts, tentei convencer meus amigos a assisti-lo comigo. Como a película, baseada no livro homônimo e autobiográfico escrito por Elizabeth Gilbert, não havia agradado à maior parte das pessoas que conhecíamos, eles desistiram e eu consequentemente também (até porque não me agrada muito ir ao cinema sozinho).

Recentemente vi uma matéria na televisão em que o filme era citado e resolvi alugá-lo. Diferente do que muitos falaram não o achei monótono. A trama gira em torno de Liz Gilbert, mulher que, insatisfeita com o casamento e a vida profissional, resolve passar o ano em viagem a fim de se auto-conhecer. Ela passa por três lugares: Itália – onde descobre o prazer da gastronomia, Índia – em que percebe a força da oração e da meditação e Bali- onde alcança o equilíbrio intrapessoal e redescobre o amor. A temática abordada me agradou bastante,pois sempre chama a minha atenção a discussão acerca da busca de desenvlimento pessoal e libertação dos valores intrínsecos na sociedade contemporânea, ainda que abordada de maneira um tanto clichê, vale pela reflexão que me causou.

Quantas vezes temos medo de expor nossa própria identidade por medo do julgamento alheio? Tenho certeza que alguns mais outros menos, mas é comum termos medo do que os outros vão pensar ao tomarmos determinadas atitudes. O ser humano recebe uma cobrança natural para agradar aos demais e, ainda que seja uma cobrança indireta, reflete nas situações cotidianas, porém o que mais importa é ultrapassarmos as cobranças e antes da preocupação em agradar os outros nos preocupemos com a nossa própria auto-aprovação.

O tema é tão forte que são inúmeras as músicas que o abordam de maneiras totalmente distintas. Sandy fala sobre esse autoconhecimento na reflexiva “Quem Eu Sou” encontrada no ótimo CD “Manuscrito” (2010). Na canção a cantora fala sobre descobrir-se, procurar seu próprio caminho, libertar-se, e de não ter medo de arriscar viver, pois com esse medo só há perdas. Já a roqueira Pitty, uma das melhores letristas da música brasileira contemporânea, destaca na música “Anacrônico”- faixa do CD de mesmo nome lançado em 2005- as mudanças de valores ao longo da vida tão comuns à construção da identidade que passamos ao longo vida.

Ao final do filme a personagem de Julia encontra um novo amor depois de passar por todas as experiências nos países pelos que visitou. A diferença entre esse novo namoro e os relacionamentos frustrados do início da história não é o homem pelo qual ela se apaixona e sim sua postura perante o relacionamento e o fato dela própria ter evoluído. E essa foi a reflexão final que o filme me causou, apesar de não ter o dinheiro para uma grande viagem como a da senhora Gilbebrt, considero ideal tentar se descobrir e se desenvolver da maneira que podemos.

Leandro Sá, 22 anos. Pedindo desculpas por soar clichê em alguns momentos, ou em todo o texto.

4 comentários:

  1. Nossa, você escreve - como eu já havia notado, mas estou enfatizando - de uma forma magnífica, onde consegue deixar seus pontos de vista bem claros. Embora não tenha visto o filme, achei sua reflexão muito interessante e gostei da associação feita com as músicas, de mesmo tema.
    Só pessoas sensíveis conseguem ver um filme, uma peça, ler um livro e trazer da ficção algum aprendizado e tentar aplicá-lo na vida cotidiana.
    Como sempre, você está de parabéns.

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  2. DESCULPAS POR SER CLICHÊ?VOCE DEVERIA SE DESCULPAR POR NÃO NOS ABRILHANTAR MAIS VEZES COM SEUS TEXTOS FANTASTICOS.ESTA DE PARABENS,GOSTEI MUITO MESMO.

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  3. Olá Leandro!

    Ótimo texto, masi uma vez está de parabéns. Realmente eu gosto de como você escreve.

    Em relação ao texto eu acho importantíssimo nos conhecermos antes de qlqr coisa. Procurar compreender e entender você mesmo é tarefa árdua e complexa, envolve muita subjetividade mascarada pela sociabilidade. São coisas que você só conhece com o tempo, mas logicamente existem catalizadores deste processo e a viagem pode ser uma, no meu caso foi.

    Grande abraço e novamente meus parabéns!

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  4. Amigo, seus textos são realmente maravilhosos. Olha, me inspirou muito, hein! Estou escrevendo um novo também falando sobre estas "Coisas da Vida". Em breve vc poderá acompanhá-lo no meu Blog.

    Bem, primeiro a honra de ter vc como amigo, pois aprendo muito com a forma como escreve. Devo dizer que amoooooooo a maneira como vc organiza suas idéias. As pontuações são perfeitas.

    Fiquei pensando sobre esta "auto-aprovação". É disso que todo mundo precisa! E, é inegável de que um grande amor depois de algumas experiências vividas deve ser maravilhoso. Como queria que isso acontecesse também na minha vida! Ahahaha... Vou aprendendo, estou evoluindo e quero que saiba que vc contribui com isso também.

    Abraço do tamanho do mundo... =)

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